diálogo IV

os anjos têm casas
dessas que moram
famílias inchadas
feito casa da vó

não moram
nem ficam
o onde que habitam
é todo lugar

os anjos têm asas
dessas que voam
por sobre as casas
para nos proteger

não têm
nem precisam
pois estão onde fica
todo o bem que há em ti

e harpa eles tocam
ou flechas atiram
ao coração de quem ama
ou pretende amar

ao coração
só um deus é capaz de atingir
para um bem ou ferir
com um amor de esquecer

os anjos têm medo
pois se em mim adentrarem
seja lá onde parem
pode ser que se assustem

nem medo nem pressa
pacientes à espera
que um alguém feito água
a ti possa limpar

então são corajosos
os anjos em meus ossos
pois alguém que me cure
não sei bem se terei

um alguém sempre há
nessa vida de esperar
tarda nada a chegar
quem faça dobro do seu tudo

mas os anjos têm nome
como os devo chamar
ou basta gritar
que estarão logo a postos

bem isso não sei direito
mas guarde um segredo
conheço um anjo
que se chama você