boca cereja
por que não te aprontas
batom ponta a ponta
e beija
boca insana
por que não te amordaças
se queres sentir-se tapada
e aplaina
boca apagada
por que não incendeias
esse amor brasa queima
e sopra
boca cansada
por que não bocejas
ao leito teus beiços deitas
e dorme
boca amuada
por que não te aprumas
da raiva sec’as espumas
e sonha
boca medrosa
por que não dizes tudo tudo
poupar-me-ias o trabalho imenso
de apalavrar todos os teus silêncios