grave

que houve ao abrires a porta
para que o incansável silêncio rompesse-se
à minha boca vedada por mágoas
incerta e solene a dizer o teu nome em palavras

que tens que não estancas
entornada à sacada
a contar estrelas
e dizer que por vê-las podes tocá-las

que guardas contigo
à pele à carne à alma
a calma dos sinos
a dobra à palavra

que calas em teu sopro de reza
os teus signos atentos
a tua jornada íntima
o teu céu a cobrir-te azulado

que sentes à música
teus discos virados
a tua poesia ébria
e o teu canto parir-se aos favos

que dizes com as mãos
os teus gestos eloquentes
as tuas sementes plantadas
muda árvore casa

que tens que não tens
que és que não és
o que houve ao fechares a porta
foi grave