janelas

os corpos descascados das crianças – verves e imundos – ficam desabituados com a inocência, que é um modo de pele. e, quando há um novo ano, aquelas migalhas de gente – já desacostumadas com o não saber das coisas – põem-se logo muito altas e maduras. de algum modo, somos todos gentes descascadas pelos calendários virados. pessoas almejando que o olhar da mãe, preocupado e tenro, não mais nos venha fitar quando estamos postos de costas indo à escola. queremos qualquer liberdade que nos faça desacreditar que estamos presos em nós mesmos. somos pessoas-grades que se pretendem janelas.