quando morrem as crianças
e os espelhos das casas
ficam esvaziados de sorrisos
as mães permanecem silentes
há os buracos nas almas
e as camas ajeitadas
e os lápis que não magoam mais
a solidão branca das paredes
as avós logo arrumam
costuras por fazer nas calças
ou uma dessas coisas calmas
que não fazem pensar em nada
e as histórias desoladas
porque não mais contadas
às crianças que partiram
e não escutam mais
sobre a terra revirada
há flores e palavras
e saudades agigantadas
que pingam dos olhos ao chão
quando nascem as crianças
e os espelhos das casas
ficam encharcados de sorrisos
as mães permanecem