rio

e essa calma em que você me vê
é tão contrária ao ondular de seus cabelos

pretos

pareço casa
você o mundo
pareço nada
com ninguém
você com tudo
que o mundo tem

de mim

o som dos teus olhos
o silêncio da boca

que só sorri
de tudo

e o sorriso que à pele arrepia
seus avessos mais perfeitos

você que dança sem
parar
você que lança olhar sem
saber
do medo

propõe o eterno
oceanos atravessar
deixa-me rio
não quero ser mar
nem tudo

e essa cama em que você me tem
desligada como as velas
quando os ventos esquecem-se de ser

untada com lembranças
de quando éramos afins
e concordávamos em ser
tão desiguais

concordávamos

felizes
por assim dizer
insones
por preferir amar

deixa-me quieto
frio
a fio
liso
linear

deixa-me rio
não quero ser mar

nem tudo